A resposta é sempre! Qualquer procedimento de colheita de amostras teciduais do paciente vivo é denominado de biópsia e tem o objetivo de remover uma lesão tumoral e esclarecer um processo patológico em curso através do exame histológico, com o intuito de definir uma conduta terapêutica mais apropriada.
Todavia, ainda escutamos relatos de que algum colega veterinário realizou a remoção de um tumor, porém o descartou e não o encaminhou para análise no laboratório. Na medicina humana, há resoluções determinando que todo e qualquer fragmento de tecido ou órgão que tenha sido retirado de um paciente deve ser obrigatoriamente encaminhado para análise laboratorial. Na medicina veterinária, infelizmente, ainda estamos distantes desse ideal e cabe a nós, veterinários, nos conscientizarmos sobre a importância do exame anatomopatológico.
Apesar da questão financeira também pesar na decisão, o barato pode sair caro. O exame, que teria um investimento reduzido, pode se tornar em uma futura cirurgia reconstrutiva complexa com dispêndios elevados e, possivelmente, menor efetividade terapêutica. Seguem alguns exemplos: em sarcomas de tecidos moles, a primeira intervenção cirúrgica é fundamental, visto que a doença é geralmente local, com elevadas chances de recidiva se a lesão não for completamente removida. Além disso, o exame de biópsia permite graduar a lesão e determinar prognóstico relacionado a chances de recidiva local e/ou metástases; o mesmo se aplica aos mastocitomas cutâneos, nos quais a análise para graduação da lesão é fundamental para definição de prognóstico, comportamento tumoral e conduta terapêutica.
As biópsias podem ser divididas em incisionais, quando se remove parte de uma lesão, e excisionais, quando toda a lesão é removida. A primeira é indicada para casos de lesões em que o resultado da citologia é pouco conclusivo e para definição do tipo de lesão, como em biópsias por punch em dermatopatias inflamatórias, endoscopias, entre outras. A segunda é indicada para a remoção integral de lesões não responsivas à terapia instituída, principalmente as neoplásicas, com planejamento cirúrgico e determinação de margens de segurança adequadas.
Outra informação importante é que a totalidade do material retirado deve ser encaminhada para análise, sem deixar nada de fora. O veterinário que encaminha amostras incompletas corre o risco de obter resultados falsos negativos, por amostragem incorreta da lesão. Áreas necróticas/hemorrágicas podem obscurecer processos neoplásicos. Sempre encaminhe o fragmento/órgão inteiro!
Além disso, evite a fragmentação ou realização de cortes na lesão, exceto em tumores maiores do que 5 cm de diâmetro, nos quais o corte superficial favorecerá a penetração e fixação tecidual. Nestes casos, cuidado apenas para não transpassar a lesão, pois isso dificultará a análise das margens cirúrgicas.
Nas lesões com maior risco de recidiva local, é importante a análise das margens tumorais. Para que essa análise seja realizada no laboratório de forma adequada, o fragmento excisado deve estar acompanhado de marcações em uma ou duas localizações para que possamos indicar claramente qual das margens está comprometida e, dessa forma, orientar a ampliação de margens ao cirurgião. Nós maximizamos todas essas informações nos laudos para facilitar o trabalho do médico veterinário.
Por fim, ao receber o laudo de biópsia, seja crítico e o interprete. Avalie se o laudo está claro, se as informações contidas nele têm sentido e se os critérios avaliados estão de acordo com o descrito na literatura atual para determinada lesão. O veterinário clínico deve ser o validador da qualidade do laudo histopatológico.
Para mais esclarecimentos, entre em contato conosco e lhe auxiliaremos com prazer. Nosso trabalho é facilitar o seu!
Por Matheus Viezzer Bianchi Doutor e Mestre em Patologia
Veterinária – CPV – Laboratório de Patologia Veterinária
- Especialista em Patologia Veterinária – Associação
Brasileira de Patologia Veterinária (ABPV) - CRMV/RS 19347
(54) 9 9923.0650
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