Nessa edição resolvi falar sobre algo recorrente no meu trabalho voluntário com ONGs, mas que desta vez literalmente entrou pela minha porta. Nos últimos dias do mês de junho deste ano, ao sair para trabalhar, deparei-me com o cachorro dessas fotos, na garagem do prédio onde moro. Um rapaz muito carinhoso, aparentemente recém-tosado, livre de pulgas e carrapatos, superassustado e faminto. Algo que parecia fácil de resolver, achar seus tutores, já que pelo seu estado nossas apostas eram de que ele havia se perdido devido ao temporal. Contudo, mostrou-se uma tarefa relativamente longa e frustrante ver a dor de um ser tão amoroso, mas na mesma proporção um aprendizado inestimável.
Em um primeiro momento, nos deparamos com aqueles que passam e ignoram. Depois aquela euforia de tantos querendo auxiliar, por pensarem ser algo temporário. Então chegam os deveres com essa vida: o bichinho começa a mostrar suas inseguranças, traumas, nos conta um pouco das dificuldades pelas quais passou através de suas atitudes, ou até mesmo na falta delas. Finalmente, a parte mais complicada: lidar com a falta de responsabilidade afetiva, indiferença e omissão de muitos humanos.
Bem provavelmente lidar com a dor alheia não seja tão simples quando temos tanta dor em nós, mas nada deveria impedir e nos deixar negligenciar outro ser vivo. Principalmente porque olhar para isso será um divisor entre mais um animalzinho abandonado, ou um Pet tendo um final feliz.
Vocês podem estar se questionando o que isso tem a ver com essa revista, coluna ou até mesmo com a vida de vocês. Mas essa matéria é para conscientizar da importância da saúde mental – que tanto focamos em nossas variadas técnicas terapêuticas – para os animais e seus tutores.
Façamos uma pergunta: você sabe reconhecer a dor do seu Pet? Se o seu amigo de patas apresenta comportamentos que o fazem sofrer, busque além de alternativas tradicionais. Terapias holísticas focam no tratamento de dores e frustrações, enquanto métodos convencionais estão mais direcionados ao comportamento ou problemas físicos.
Nas duas semanas com esse mocinho, ele nos ensinou que amor, comprometimento, paciência, florais, reiki, cromoterapia e alguns outros mimos eram o que ele precisava para se sentir confiante e encontrar um novo lar. Ainda estamos à procura de uma família para ele (quando escrevemos a matéria), pois aqui entra nossa responsabilidade como lar temporário. Respeitando o tempo dele, seu espaço, todos os dias aprendemos um pouco mais sobre individualidade e empatia. Que o pouco que cada um faça seja o muito que o nosso mundo está precisando!
Alana de Andrade Reis
Especializada em Terapias Integrativas para Animais e diretora da Terapet Auqmia Zen (54) 99135.1525 @/terapetauqmiazen
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