A coluna vertebral de animais é formada por vértebras, que têm a função de proteger e suportar a medula espinhal. Entre cada vértebra existe o chamado disco intervertebral, que funciona como uma “almofada”, amortecendo o impacto entre os ossos.
Porém, quando o pet tem o que chamamos de “hérnia de disco”, essa estrutura que serve como “amortecedor” simplesmente sofre um deslocamento, gerando uma pressão excessiva sobre a medula espinhal, causando muita dor, desconforto e, em casos mais graves, perda de movimentos. Vale ressaltar que a incidência desta doença em gatos é baixíssima!
A hérnia de disco é uma doença degenerativa, traumática ou uma associação dessas condições, podendo acontecer em qualquer local da coluna vertebral. No entanto, 85% das hérnias localizam-se na região toracolombar. Os sinais clínicos das hérnias de disco variam de acordo com a progressão da doença. Na grande maioria dos casos, a sintomatologia é aguda, ou seja, um cão saudável repentinamente fica mais apático e apresenta perda súbita ou progressiva de movimentos.
A sintomatologia varia muito, também, de acordo com a área da coluna afetada. Hérnias na região lombossacra, que afetam da L4 a S3, podem causar dor, paralisia, perda do controle de fezes e urina, perda de tônus de esfíncter anal, diminuição e dificuldade na movimentação.
As hérnias toracolombares acontecem entre a T3 e a L3 e podem causar dor intensa, cifose, paraparesia ou paraplegia, perda de sensibilidade nos membros inferiores, retenção urinária e fecal.
As hérnias cervicais são as mais graves e dolorosas. As dores são tão intensas que, muitas vezes, não há locomoção, não necessariamente por tetraplegia (que pode ocorrer), mas por muita dor e rigidez no pescoço e membros.
O diagnóstico inicia-se de forma presuntiva, ou seja, o veterinário baseia-se na raça do cão, no relato do tutor, no andar descoordenado ou paralisia, com ou sem história de trauma recente. Geralmente os animais acometidos passam por exame de raios x, que é importante para o entendimento do caso, porém o diagnóstico definitivo será alcançado através de mielografia, tomografia computadorizada ou ressonância magnética. Vale ressaltar que as alterações de movimentação nos cães e gatos podem ser causadas por outros problemas, como mielites, neoplasias e até mesmo alterações intracranianas ou em junção neuromuscular. Ou seja, nem tudo é hérnia de disco. Um bom exame neurológico no paciente deve ser realizado com a finalidade de identificar a origem da alteração na movimentação do pet.
O tratamento deve ser escolhido baseando-se no estágio da doença e nos exames de imagem. Nem toda hérnia precisa de intervenção cirúrgica. Os protocolos para recuperação dos pacientes incluem medicamentos, repouso, fisioterapia e cirurgia.
A cirurgia é altamente recomendada em cães com estágio mais avançado da doença e seu objetivo será a descompressão da medula espinhal.
Suspeita que seu cãozinho possa estar sofrendo com hérnias de disco? Procure logo um neurologista veterinário e tire a dúvida. Quanto mais precoce o problema for descoberto, maiores serão as possibilidades de tratamentos e as chances de cura.
NEUROLOGIA | Silviane H. Silveira Médica Veterinária com especialização em clínica geral, farmacologia e neurologia veterinária
@silvi.hs
WhatsApp: (54) 9 8119.7928
Comments