Que os pets são nossos grandes companheiros e os maiores amigos do homem todos já sabemos. Também que eles trazem diversos benefícios para o nosso bem-estar e preenchem os nossos lares e a nossa vida com carinho, alegria e amor incondicional sem nada pedirem em troca.
Mas esses anjos de patas têm um papel ainda mais significativo e reabilitador na vida de muitas pessoas, atuando como “terapeutas” para o tratamento, o equilíbrio e a melhora da condição e da qualidade de vida dessas pessoas. É o que se busca com as terapias com cavalos e cães, que têm como objetivo proporcionar melhorias na saúde física, emocional e mental por meio dos benefícios terapêuticos da relação homem-animal. Elas são indicadas para o tratamento de pacientes com síndromes e patologias diversas, como autismo, síndrome de Down, paralisia cerebral, acidentes vasculares cerebrais, déficit de aprendizagem, doenças degenerativas, ansiedade, depressão, entre outras.
Realizadas com cavalos e cães devidamente treinados para esse fim, as terapias trabalham questões como concentração, memória, equilíbrio e condições motoras e cognitivas. “No caso dos cavalos, auxiliam também como atividade física, porque os cavalos são uma máquina de fisioterapia”, explica a psicomotricista Fabiana Maria Kintschner, especialista em Deficiências Múltiplas, instrutora de equitação e com formação no Instituto Nacional de Ações e Terapia Assistida por Animais (INATAA) em terapias com cães. Ela é proprietária do Equocenter Centro de Atividades Especiais, sediado no Travessão São Martinho, no bairro de Forqueta, em Caxias do Sul.
O Equocenter existe há 22 anos e atende pacientes de todas as idades, a partir de um ano e meio até idosos. São mais de 50 praticantes (pacientes) atendidos semanalmente. Cada sessão dura 45 minutos e geralmente os pacientes realizam um atendimento semanal, mas isso pode variar conforme a necessidade individual. O local conta com nove cavalos terapeutas (mestiços e das raças crioulo e puro-sangue lusitano), um pônei e quatro cães – três deles adotados (dois SRD, um Labrador e um Australian). Fabiana explica que qualquer raça pode ser utilizada para as terapias, desde que o animal seja devidamente preparado e treinado. A escolha se dá pela índole, doçura e permissividade do animal.
“A evolução dos pacientes normalmente é visível. Os cães, por exemplo, são usados para tratar a parte mais cognitiva. Tivemos o caso de uma menina que usava andador e não queria caminhar. Com a terapia ela levava o cão na guia e acabava caminhando”, conta Fabiana Maria Kintschner, proprietária do Equocenter Centro de Atividades Especiais.
Ele ama ir no Equocenter.
O adolescente Rodolfo Contini Boeira, 14 anos, é um dos praticantes atendidos no Equocenter. Aluno do sétimo ano na Escola Municipal de Ensino Fundamental Giuseppe Garibaldi, em Caxias do Sul, ele frequenta o Centro de Atividades Especiais semanalmente, desde que completou um ano e meio de idade. Portador da síndrome de Down, Rodolfo iniciou o tratamento terapêutico com cavalos. O objetivo era trabalhar o equilíbrio, a coordenação motora e a força muscular. “Ele estava iniciando o processo de aprendizagem de caminhar e teve uma melhora sensível na marcha. Hoje já é independente com o cavalo, que é o que se busca na equitação”, recorda Fabiana. O mestiço Bombom é o preferido do garoto.
Com o tempo os cães também passaram a fazer parte da rotina de tratamento do Rodolfo – o que tem auxiliado em uma das suas principais dificuldades, que é a fala. Apesar de ler muito bem, ele tem deficiências ao se expressar verbalmente. Com os cães, em especial a SRD Xuxu, ele trabalha a leitura e solta o verbo com mais facilidade e menos timidez.
“Ele ama vir aqui no Equocenter. Fica em casa falando dos cavalos e dos cães. Sabe todos os nomes. Recentemente ele ficou hospitalizado por três dias e só sorriu quando recebeu um vídeo da Fabiana no qual ela conversava com a cachorrinha Xuxu”, conta a mãe Ana Maria Contini Boeira, professora aposentada. Ela diz perceber a nítida evolução de Rodolfo com as terapias, que o deixaram mais desenvolto e mais independente, além de darem mais equilíbrio e mais musculatura física ao rapaz. “Tem coisas simples que ele tem medo, como pegar o elevador sozinho, mas com o cavalo ele não tem esse receio, tem confiança, monta e trota sozinho”, complementa a mãe.
Entrevista e fotos: Adriana Schio
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