Se você é tutor de um pet das raças Shih-Tzu, Pug, Pequinês ou alguma outra de focinho curto, por favor, preste bastante atenção a esta matéria, e também aos olhinhos de seu pet. Ele pode estar desenvolvendo uma doença ocular com potencial evolução à cegueira!!!
Muitos tutores ficam preocupados com pigmentações de coloração branca, principalmente pensando em catarata, mas frequentemente não percebem pigmentações de cor negra, que também podem levar à cegueira, porém são facilmente controladas com medicações e/ou tratamentos cirúrgicos preventivos. Isso ocorre porque a coloração da íris dos cães é mais escura, fazendo parecer que o olho está normal. Podemos observar essa diferença na Figura 1, na qual vemos um olho repleto de pigmento, impossibilitando a visualização da íris e da pupila, porém para uma pessoa leiga pode parecer um olho normal, principalmente se visto de longe. Já na Figura 2 vemos um olho com a superfície corneana totalmente transparente, sendo possível observar o contorno da pupila, a íris e também o reflexo do fundo do olho (vindo da retina, o reflexo pode ser de cor verde, vermelha ou amarela).
Essa alteração (Figura 1 e Figura 3) é chamada de ceratite pigmentar, uma inflamação corneana que leva à formação de vasos sanguíneos e depósito de melanina na superfície da córnea, levando a um enegrecimento parcial (Figura 3) ou total (Figura 1) da superfície ocular, podendo levar à perda parcial ou total da visão do animal. Essa doença é bastante comum em animais braquicefálicos, mas ocorre principalmente em cães das raças Pug, Shih-Tzu e Pequinês.
O que leva a esse depósito é a irritação constante da superfície ocular. As alterações mais comuns que causam esse problema são a falta de produção lacrimal (ceratoconjuntivite seca), exposição ocular demasiada (com reflexo no ressecamento da córnea por evaporação lacrimal) e alterações de cílios ou pelos da face. Para evitar que essa alteração ocorra, muitas vezes é necessário o uso de procedimentos cirúrgicos para correção das alterações palpebrais, de pelos ou cílios e/ou o uso de colírios que estimulam a produção de lágrima (usados de forma contínua).
Como perceber essa alteração?
Inicialmente, com o auxílio de uma lanterna, olhando bem próximo ao olho, já podemos perceber algumas alterações (Figura 3), que evoluem de forma crônica podendo chegar à pigmentação total (Figura 1). No entanto, o ideal é procurar um veterinário especializado em oftalmologia veterinária, assim ele poderá perceber as alterações de forma precoce e intervir antes mesmo que ocorra a formação dessas alterações. Mas caso ela já tenha ocorrido, hoje também é possível intervir cirurgicamente e reestabelecer a visão dos animais acometidos por essa doença.
Podemos ver os exemplos na Figura 1, na qual o animal está totalmente acometido pela pigmentação, e posteriormente a um procedimento de correção (Figura 4), onde já é possível observar a presença da íris (de cor marrom) e da pupila, ainda restando pouco pigmento na superfície corneana. Também é possível observar essa melhora ao se realizar correções das pálpebras. Vemos na Figura 3 a alteração inicial, e na Figura 5, após a correção cirúrgica da pálpebra e o uso de medicações, percebe-se uma redução considerável da pigmentação e o retorno visual com muito melhor qualidade.
Sempre lembre: pigmentos não são normais, mesmo em raças que comumente os vemos. Procure um profissional especializado para trazer o melhor diagnóstico e tratamento ao seu animalzinho.
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