MANIPULAÇÃO | Jordana Mendonça
Apesar de sabermos que a prevenção é o melhor remédio, muitas vezes aguardamos um momento crítico ou um sinal agudo de doença para buscar ajuda para nós ou para os nossos pets. Remediados os sintomas mais agudos, descobrimos na verdade uma doença crônica, sem cura, mas com controle, que exige cuidados permanentes. Uma mudança de estilo é um desafio para os tutores quando se fala de medicar seus pets, aumentado exponencialmente com o número de repetições e de medicações diárias. Porém, é fundamental seguir o tratamento e as indicações do médico veterinário e do farmacêutico. A adesão ao tratamento contínuo e às orientações dos profissionais de saúde tem reflexo direto na saúde, bem-estar e qualidade de vida dos tutores e dos seus amigos de quatro patas.
Afinal, o que é adesão ao tratamento? Ela se dá quando o comportamento do paciente coincide com as orientações médicas para controlar ou curar a doença, sendo essas orientações medicamentosas ou não. A falta de adesão ao tratamento sem supervisão médica tem consequências graves. Na hipertensão arterial, por exemplo, compromete os vasos sanguíneos, dificulta a circulação do sangue por todo sistema, sobrecarrega o coração, prejudica os rins e afeta o cérebro. No uso de antibióticos, as consequências se tornam mais graves, pois com essa prática estamos reforçando a resistência bacteriana e, se houver interrupção do tratamento, será ainda mais difícil ter sucesso e estabelecer um novo tratamento. Já recebemos na La Vie pedido de ajuda para tratamentos que somente antibióticos de uso restrito hospitalar teriam efeito sobre a bactéria e sempre nesses casos nos questionamos: como chegamos nesse ponto?
O que leva as pessoas a não aderirem corretamente ao tratamento? Apesar de parecer inofensivo, interromper um tratamento, sem antes consultar o médico veterinário, tem consequências graves e com impacto direto na nossa saúde e dos nossos pets. Cada medicamento tem um tempo de ação que deve ser respeitado para evitar a ocorrência de recaídas, resistência ou ressurgimento dos sintomas mais graves.
Quando se fala de doenças crônicas como hipertensão, diabetes, artrites, dermatites e outras doenças silenciosas, assim que os sintomas mais agudos desaparecem, tem-se a “sensação” de cura e que os medicamentos não são mais necessários. Ou então os sintomas não desaparecem de imediato e o paciente acredita que o tratamento não está funcionando. Porém, a doença segue causando danos no organismo e quando os sintomas ressurgem e em maior intensidade, pode ser que não tenham mais controle. Além disso, todo medicamento pode ter efeitos colaterais mais ou menos intensos em cada organismo e lidar com eles se torna um desafio extra. Tem ainda a questão financeira: quando os medicamentos são caros os tutores tendem a pular alguns horários ou estabelecer novas posologias para tentar economizar dinheiro.
E quais as consequências da não adesão ao tratamento? Quando o médico veterinário prescreve um determinado medicamento é porque sabe que vai tratar a condição do seu pet de forma específica, e o medicamento será mais eficaz se você seguir os horários de administração de acordo com o prescrito. Além disso, ao prescrever o tratamento, ele tem um plano a seguir e qualquer resultado diferente do esperado é um sinal importante para definir os próximos passos. Se você não seguir as instruções recomendadas, ele não saberá se está no caminho correto para o manejo do seu pet ou se tem que mudar de tratamento. Os sintomas também podem voltar em maior intensidade e os medicamentos que antes tinham controle agora não mais terão efeito, e novos e mais potentes fármacos terão de ser usados.
Na farmácia de manipulação temos os registros e histórico de compra dos nossos clientes, e é frequente nos depararmos com clientes que não estão seguindo a posologia indicada na receita, alterando-a de 12/12h para 24/24h, e quando retornam ao médico veterinário para consultas ou check-up não revelam essa prática e o profissional acredita que o tratamento não está sendo eficaz, ou pior, atribuem a piora clínica ao fato de o medicamento ser manipulado. Há ainda aqueles que retornam após seis meses da última compra, que tiveram alívio nos sintomas agudos na primeira vez e, assim que eles ressurgem, querem repetir o medicamento que deu certo sem passar por uma nova avaliação.
Por isso, seja qual for o problema de saúde do seu pet, é fundamental entender a importância de cada medicamento e cada conduta do tratamento proposto, esclarecendo todas as dúvidas com o médico veterinário e o farmacêutico, como entender quais os riscos/benefícios do tratamento, como ele pode afetar os hábitos diários e em quais situações o uso pode ser interrompido. Se enfrentar qualquer dificuldade, não interrompa ou altere o tratamento antes de conversar com o médico veterinário e junto com ele traçar um plano para essa nova fase. E conte sempre com a farmácia de manipulação para adequar as doses ideais do tratamento do seu pet de forma personalizada.
5 DICAS de ouro para não abandonar o tratamento
1 Não fique com dúvidas sobre a importância dos medicamentos e qual o efeito que eles têm na saúde do seu pet: pergunte ao médico veterinário e ao farmacêutico.
2 Siga corretamente a posologia e as instruções de uso: elas são fundamentais para o sucesso do tratamento.
3 Crie uma agenda diária do esquema medicamentoso do seu pet, crie lembretes e tenha a tecnologia a seu favor, com alarmes no celular, por exemplo.
4 Torne a medicação um momento de alegria e brincadeira e esteja confiante e relaxado na hora de medicar o seu pet: eles sentem de longe quando você está tenso e desconfiam de qualquer movimento seguinte.
5 Busque formas farmacêuticas petfriendly: a farmácia de manipulação pode ajudar muito nessa escolha com formas e sabores variados.
Jordana Dutra Mendonça - CRF/RS 14030
Diretora e Farmacêutica da La Vie Farmácia de Manipulação
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