“A incontinência urinária pode ser um grande problema na qualidade de vida tanto do pet como do seu tutor.”
Pouco frequente em cães machos e felinos, a incontinência urinária hormonal das cadelas é também conhecida como incontinência urinária pós-castração, ou mecanismo de incompetência do esfíncter urinário. Apesar de parecer pouco comum, a incontinência urinária é uma doença que pode acometer até 20% das cadelas submetidas à castração. Isso a torna relativamente frequente, já que a castração é uma cirurgia muito comum nos dias de hoje, uma vez que ajuda na prevenção de doenças do trato reprodutivo das fêmeas e no controle populacional.
A incontinência pós-castração afeta mais as cadelas de grande porte (>25kg), e ocorre em média de três a cinco anos após o procedimento. Entretanto, todas as fêmeas podem ser afetadas, independentemente do tempo transcorrido após a cirurgia.
Os estudos mais recentes mostram que a incontinência ocorre por questões multifatoriais, entre elas a diminuição do estrógeno após a castração e a elevação nos níveis de LH (hormônio luteinizante) e FSH (hormônio folículo-estimulante), além da alteração na proporção de colágenos e outras estruturas do trato urinário.
O sinal clínico mais importante é a perda involuntária de urina, o que geralmente ocorre com mais frequência quando o animal está em repouso. Também podem acontecer dermatites devido ao contato da urina com a pele e até mesmo alteração na cor da pelagem da região próxima à vulva e períneo.
Como existem várias doenças que podem surgir com a aumentada produção de urina e o consequente aumento da frequência da micção, é importante fazer uma avaliação completa da paciente para descartar que haja uma ingestão aumentada de água devido a alguma outra doença subjacente.
O diagnóstico de incontinência urinária pós-castração é dado após excluir outras doenças que cursam com o sinal clínico de gotejamento de urina e/ou aumento na produção de urina, como diabetes mellitus, síndrome de Cushing, cistite, más formações congênitas, entre outras. Na incontinência é importante lembrar que não há ingestão aumentada de água, apenas a perda da capacidade de segurar a urina, ou seja, da continência. Por isso, é importante que um médico veterinário endocrinologista avalie a paciente como um todo para descartar outras doenças e chegar ao diagnóstico correto. Exames de sangue, urina, imagem e exame clínico são a base para entender o que está se passando com a paciente.
O tratamento da incontinência pós-castração varia de medicamentoso a cirúrgico, dependendo do caso e da gravidade. Hoje em dia há algumas opções disponíveis no mercado que vão de reposição hormonal a fármacos utilizados na medicina humana. Cada paciente deve ser avaliada individualmente e suas necessidades específicas devem se conversadas durante a avaliação pelo veterinário.
Cada vez mais nossos companheiros estão perto de nós, dormindo dentro dos nossos lares, muitas vezes dividindo o quarto conosco. A incontinência urinária pode ser um grande problema na qualidade de vida tanto do pet como do seu tutor. Se você tem uma cadela castrada em casa cuja caminha costuma ficar molhada de urina algumas vezes na semana, ou que parece não segurar mais a urina como antigamente, cabe uma avaliação por profissional capacitado para investigar e tratar a causa.
Médica Veterinária formada com Láurea Acadêmica na UFRGS, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia Veterinária e mestre em Ciências Veterinárias pela UFRGS com ênfase em endocrinologia e metabologia de pequenos animais
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